quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Lembrança

Escrito no presídio de Aquiraz-CE, 4 / 2 / 1977. Oswald Barroso, in: Poemas do Cárcere e da Liberdade. pag. 25. Palma Publicações e Promoções Ltda. Fortaleza, 1979.


A lua te recordará
a branca noite
em que ela se despiu
e, vermelha,
se fez cúmplice
do nosso amor.

O mar te lembrará
nosso costume
de caminhar nas tardes
até o horizonte,
pois que o mar
também é cúmplice
dos namorados distantes.

E quando vires, amor,
num vão de céu
uma estrela,
tu não chorarás,
porque, então,
aprenderás o meu caminho.

Mas, quando o povo
andar triste pelos becos,
tu saberás do meu luto
e sentirás a dor
da dura separação.

Porém, se a multidão
ensaiar um canto,
tu saberás do meu riso
e nela me encontrarás.

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